© Rubens Queiroz de Almeida
Para toda situação, existe o ideal e o possível. O ideal é ter diversas horas de aula por semana, com um professor(a) que seja culto(a), inteligente, que fale e, mais importante, deixe você falar.
Esta situação ideal é bem difícil de se conseguir. Talvez você não tenha este tempo todo. Se tiver o tempo, talvez não tenha o dinheiro para pagar pelas aulas de alguém tão qualificado, que ministre aulas agradáveis e produtivas. O problema é que muita gente, por não poder ter a situação ideal, acaba desistindo e não faz nada.
Mas não precisamos ser tão radicais. Dá para ter ótimos resultados com estratégias alternativas, ao alcance de qualquer pessoa. Mas antes de passar para as estratégias, eu vou falar um pouco do que deve ser evitado a todo custo.
O primeiro, corra de professores que te corrigem o tempo inteiro. O aprendizado de qualquer coisa passa por quatro etapas: 1) falar errado sem saber que está errado; 2) falar errado e saber que está errado logo depois que falou; 3) falar certo, mas não com as melhores palavras; 4) falar certo, com as palavras certas. O ideal é começar pela etapa 4, mas a má notícia é que ninguém chega na etapa 4 sem passar pelas etapas 1, 2 e 3.
Em segundo lugar, se a aula é de conversação, fuja de professores que falam o tempo todo e não deixam espaço para mais ninguém. Você só vai aprender a falar falando (falar errado também conta). Eu até abro uma exceção para este tipo de professores, se eles ou elas forem fascinantes, inteligentes e tiverem muita coisa para contar. Eu já tive um professor assim e é fascinante ouvir quem tem algo a dizer. Mas em geral isto não dá certo…
Vamos então começar pela etapa 1. Se voce erra e não sabe que errou, nesta fase de seu aprendizado você não precisa de um professor o tempo inteiro. Você pode conversar com alguém tão principiante quanto você. Nesta fase, você precisa apenas falar, o mais que puder, sem parar, e sem ter ninguém para ficar te corrigindo e impedindo o fluxo de suas idéias. Se o seu parceiro também não sabe nada, você não vai ter vergonha de falar, certo?
O ideal seria você ter, em paralelo, aulas com um professor. Nos primeiros níveis, uma hora ou duas por semana, já são suficientes. Esta uma ou duas horas, você pode complementar conversando com um amigo que tenha conhecimento equivalente ao seu. Conversar com alguém que sabe muito mais do que você pode ser desencorajador, pois você via ficar se cobrando o mesmo nível de conhecimento. Se você não conseguir ninguém para praticar, também vale falar sozinho. Mas não deixe os outros te verem pois pode complicar a sua vida 🙂 Enfim, falar, falar, falar, sem mêdo de errar e sem mêdo de ser feliz!
Mas falar não é uma habilidade que se desenvolve independentemente. Falar errado é uma parte importante do processo e você vai se corrigir, gradualmente, expondo-se ao inglês falado corretamente. Isto se consegue através de livros, das séries de televisão, revistas em quadrinhos, etc. O material deve ser de sua escolha e você deve gostar muito dele. Gradualmente você irá incorporando à sua fala as frases e situações com as quais teve contato a partir destes meios alternativos.
Este processo de desenvolvimento da fala se dá em paralelo com o desenvolvimento das habilidades de leitura e audição. A leitura é fácil de se desenvolver e você pode carregar os livros para onde quiser e aproveitar as janelinhas de tempo que se abrem durante o seu dia. Para desenvolver a audição podemos contar com os aparelhos de áudio portáteis, onde você pode gravar o material que quer ouvir.
Fica até difícil definir o que deve ser feito primeiro. O processo de desenvolvimento da habilidade de falar em um idioma estrangeiro é complexo para se entender, mas simples de se desenvolver, desde que abandonemos os nossos preconceitos e compreendamos o seu processo. Você vai passar por uma fase em que vai achar que não está progredindo, que quanto mais estuda menos aprende, e por aí vai. Mas se você buscar associar este estudo a coisas que lhe dão prazer, você vai chegar lá.