© Rubens Queiroz de Almeida
O mundo do aprendizado, de qualquer coisa, é cheio de estereótipos. Quando alunos, ficamos infelizes ao constatar que algumas pessoas aprendem mais rapidamente que nós. Julgamo-nos incapazes, inferiores, por não podermos nos igualar em desempenho aos “gênios” da sala.
Infelizmente, desconhecemos o fato de que o aprendizado não depende apenas de uma loteria genética, de uma quantidade determinada de inteligência que nos é concedida ao nascer. Existem estratégias para aprender. Muitas pessoas, de forma intuitiva ou talvez por possuírem um poder de observação mais aguçado ou mesmo devido à educação recebida em seus lares, apresentam desde muito cedo um desempenho acadêmico admirável.
O desempenho acadêmico pode estar ligado a fatores inusitados. Vejamos um exemplo. Na província de Gansu, na China, constatou-se que de 2.500 estudantes que precisavam usar óculos, apenas 59 o faziam. Entregaram então, gratuitamente óculos para a metade dos alunos. O custo de cada um dos óculos foi de 15 dólares. Esta medida simples fez com que os alunos que receberam os óculos tivessem um desempenho 25 a 50% superior em relação aos que não usavam. Admirável, uma melhoria significativa ao custo de um par de óculos. (1)
Um outro exemplo, este ocorrido comigo. Eu estava tentando memorizar um número de seis algarismos e estava tendo dificuldade. O método que eu estava usando consistia em memorizar o número dividindo-o em dois grupos de três algarismos. Meu filho, ao ver minha dificuldade, sugeriu que eu memorizasse os números em 3 grupos de dois algarismos. Simples assim, e fez toda a diferença. (2)
Um último exemplo. Todos nós já passamos por situações, agradáveis ou não, que nunca conseguimos esquecer, não importa quantos anos se passem. O que exatamente faz com que estes momentos sejam inesquecíveis? Será que podemos replicar esta situação em um contexto de aprendizagem? Certamente que sim, basta relembrar a situação e vivenciar novamente os sentimentos daquele momento.
Tudo isto são estratégias. Existem estratégias compartilhadas, em que pessoas relatam uma forma de aprender que funciona para elas, e as estratégias que funcionam melhor para cada um de nós e que também podem vir a ser compartilhadas.
Para aprender idiomas também existem estratégias que facilitam imensamente o aprendizado. Infelizmente, a maioria dos cursos tradicionais de inglês ou outros idiomas, tem um foco quase que exclusivo nos aspectos do idioma, como pronúncia e gramática.
É um verdadeiro massacre. Das centenas de milhares de pessoas que começam um curso de inglês tradicional todos os anos, apenas uma pequena parcela consegue concluir o curso com sucesso e se tornar fluente no idioma.
O foco exclusivo nos aspectos do idioma em si conduz ao sentimento de inadequação dos alunos que podem adotar uma de duas posturas possíveis: julgam-se incompetentes para aprender ou então passam a detestar o idioma estrangeiro. Destas duas posturas, a mais nociva é a primeira, pois ao julgarmo-nos incompetentes em algo, rapidamente passamos a nos julgar incompetentes em tudo, pois este sentimento é contagioso e se espalha para todos os aspectos de nossas vidas. A segunda postura também é muito prejudicial, pois esta parede de preconceito contra o idioma irá lhes prejudicar enormemente na aquisição de uma habilidade fundamental para o progresso na carreira e na vida.
O importante é reconhecer que somos diferentes, que aprendemos de formas diferentes e o mais importante é termos consciência destas diferenças e valorizarmos a nossa individualidade. Por ficarmos para trás em uma aula de inglês tradicional, não devemos julgar que somos incompetentes. Talvez o curso que você estiver frequentando é que seja incompetente.
Por incrível que pareça, o trabalho de preparação dos aspectos psicológicos dos alunos chega a ser mais importante do que o estudo do idioma em si. Esta preparação consiste em convencer as pessoas de que aprender em seu próprio ritmo é aceitável, em salientar que não devemos nos comparar com os outros, que o aprendizado se dá aos poucos, que é mais importante estudar um minuto todos os dias do que três horas em um único dia, enfim, diversos outros fatores que irão fortalecer a motivação e determinação das pessoas em continuar aprendendo.
Ao contrário do que se pensa, são poucas as pessoas que dominam a língua inglesa. Segundo o documento Demandas de Aprendizagem de Inglês no Brasil, do Conselho Britânico, apenas 5,1% da população com 16 anos ou mais, afirma possuir algum conhecimento de inglês. Da população mais jovem, entre 18 e 24 anos de idade, apenas 10,3% afirmam possuir algum conhecimento de inglês. Dentre esta pequena parcela, 47% afirmam ter um conhecimento básico de inglês e apenas 16% possuem conhecimento avançado do idioma. (3)
Podemos ver, por estas estatísticas, que uma pessoa que tenha domínio da língua inglesa possui uma vantagem incomparável frente aos demais. Ninguém pode negar, que em um mundo crescentemente globalizado, o domínio da língua inglesa é de fundamental importância para o progresso profissional. O acesso à informação, ao aprendizado, ao desenvolvimento de contatos, é incrivelmente aumentado quando dominamos a língua inglesa.
Muitas empresas consideram o domínio da língua inglesa mais importante do que a formação obtida através de um curso superior, como por exemplo, engenharia. É mais fácil suprir por meio de cursos uma deficiência de conhecimento formal, que deveria ser aprendida na faculdade, do que dominar, em um curto período de tempo, um idioma estrangeiro. Por esta razão, em processos seletivos, o candidato que demonstrar um bom conhecimento do inglês, provavelmente será aquele que conquistará a vaga.
Por todas estas razões, se você está desistindo de aprender inglês, não faça isto. A série de artigos publicados neste portal lhe mostrará muitas alternativas para aprender inglês e idiomas em geral de uma forma muito mais agradável, sem stress e sentimentos de culpa. Serão apresentadas estratégias para desenvolver a leitura, a audição, a escrita e também para a fala da língua inglesa. E mais importante, como já havíamos afirmado anteriormente, nós queremos que você se conheça melhor, que entenda como funciona o aprendizado. E tudo isto, com muito prazer e diversão. Continue conosco nos próximos artigos e convide seus amigos para se juntar a nós! ?
Referências
- Pense como um Freak, de autoria de Steven D. Levitt e Stephen J.Dubner
- Devo observar aqui que existem técnicas muito avançadas para memorizar números, é claro.
- Demandas de Aprendizagem de Inglês no Brasil
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