Dicas práticas

Eu só abro a boca quando eu tenho certeza!

© Rubens Queiroz de Almeida

Muitos anos atrás um amigo meu estava mostrando a cidade para um inglês que estava no Brasil prestando consultoria. Quando me viu, meu amigo ficou aliviado, pois não falava uma palavra de inglês. Como uma pessoa hospitaleira que era, estava se sentindo incomodado por não poder conversar com o inglês. Então eu entrei como intérprete na conversa, traduzindo de lá para cá, e isto se prolongou por vários meses.

Este inglês acabou ficando no Brasil e casou-se com uma brasileira. Mas uma coisa interessante que aconteceu no começo de sua estada no Brasil é que ele ficava muito quieto, não falava nada em português e só se comunicava com os outros por meu intermédio. Depois de alguns meses no Brasil eu perguntei a ele se achava o português muito difícil e porque ele não se aventurava a falar algumas frases com seus amigos. Ele me respondeu que já conhecia um pouco mas que só começaria a falar quando tivesse a certeza de sempre acertar. Uma contradição e tanto, não? Como chegar à fluência sem praticar e cometer muitos erros?

Muitos dos poliglotas que estudei concordam em um fato muito simples: para aprender um idioma você tem que começar a falar no primeiro dia! E muitos poliglotas conseguem um sucesso inimaginável em seu aprendizado de idiomas. Benny Lewis afirma que em 90 dias consegue ensinar uma pessoa a manter uma conversa de 15 minutos com um nativo de qualquer idioma. Ele afirma também que se a pessoa não atingir esta meta, ele devolve tudo que foi pago. Ele certamente confia em seu método. E eu acho que é verdade, pois não apenas ele, mas vários poliglotas conseguem aprender muito rapidamente um idioma e a regra de falar desde o primeiro dia é recomendada por todos.

As pessoas se perguntam: “Como eu vou falar desde o primeiro dia se eu não conheço nada do idioma?”. Falar desde o primeiro dia não é falar fluentemente, existe uma grande diferença. Por exemplo, no primeiro dia eu posso memorizar algumas frases que refletem algumas interações diárias mais comuns:

  • Hello! How are you today? (Olá, como vai você hoje?)
  • What a lovely day! (Que dia bonito)
  • I like your hair (Eu gosto do seu cabelo)
  • What a wonderful meal! (Que refeição maravilhosa!)
  • What time is it? (Que horas são?)
  • Where is the bus stop? (Onde é o ponto de ônibus?)
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Não importa se a pessoa responder algo que você não entenda, basta usar uma frase mágica:

  • I’m sorry, I don’t understand.
    Could you please repeat/Could you speak slowly?
    (Desculpe, eu não entendo. Você pode repetir/Você pode falar mais devagar?)

Quando eu dava aula para crianças, no primeiro dia eu ensinava algumas frases para que elas falassem português o mínimo possível:

  • I’m sorry teacher, I don’t understand. (Desculpe-me professor, eu não entendi)
  • Can you repeat, please? (Você pode repetir, por favor?)

Simples assim, é impressionante como eu consegui reduzir o uso do português em sala apenas com estas duas frases. Eu dizia para elas fazerem gestos, ficarem de pé, sempre que usavam estas frases. E as crianças adoravam!

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Agora voltemos ao meu amigo inglês. Ele certamente temia se expor ao ridículo, que as pessoas rissem dele ou temia cometer erros banais. A questão é que ninguém ligava para isto, todos queriam falar com ele, era uma pessoa muito agradável e com muitas histórias interessantes.

O receio de errar e de se expor ao ridículo é um dos piores bloqueios que ficam no caminho do nosso aprendizado da língua inglesa. Não é fácil, mas esqueça isto, ninguém se importa! (nobody cares!)

Aprenda algumas frases e comece a falar desde o primeiro dia, ok?