Dicas práticas

A Hipótese do Filtro Afetivo de Stephen Krashen

© Rubens Queiroz de Almeida

Hipótese do Filtro Afetivo, proposta por Stephen Krashen, é uma parte crucial de suas teorias sobre a aquisição de linguagem, destacando a importância das emoções e atitudes na aprendizagem de uma segunda língua. Segundo Krashen, fatores emocionais podem atuar como uma barreira que afeta a capacidade de um aprendiz em adquirir um novo idioma. Este conceito enfatiza que a aquisição de linguagem não é apenas um processo cognitivo, mas também está intimamente ligado a aspectos emocionais e psicológicos.

Krashen propõe que três fatores principais estão envolvidos: motivaçãoautoconfiança e ansiedade. Quando um aprendiz possui alta motivação, boa autoconfiança e baixa ansiedade, o filtro afetivo é considerado baixo. Nesse cenário, a aquisição de linguagem ocorre de maneira mais eficiente, pois a entrada linguística chega ao “dispositivo de aquisição” do aprendiz sem impedimentos. Por outro lado, um filtro afetivo elevado, resultado de baixa motivação, baixa autoconfiança ou alta ansiedade, pode impedir que a informação linguística alcance as áreas do cérebro responsáveis pela aquisição de idiomas.

Motivação é um dos fatores mais discutidos em aprendizagem de línguas. Aprendizes com alta motivação estão mais propensos a interagir em situações de fala real e buscar oportunidades para praticar o idioma, o que facilita a aquisição. Eles têm maior probabilidade de continuar interessados e engajados, mesmo quando enfrentam dificuldades.

Autoconfiança desempenha um papel importante na disposição do aprendiz em usar o novo idioma. Quando os aprendentes acreditam em suas habilidades, eles se sentem mais à vontade para cometer erros, um aspecto necessário para o aprendizado. Essa confiança cria um ambiente em que a prática é mais frequente e menos intimidante, permitindo que o aprendiz internalize o idioma mais naturalmente.

Ansiedade, ao contrário, atua como um bloqueio à aquisição linguística. Krashen observa que altos níveis de ansiedade criam uma barreira que impede os aprendizes de aproveitar ao máximo as oportunidades de prática linguística. Isso também pode fazer com que os alunos evitem interagir e se comunicar em língua estrangeira, atividades que são cruciais para o desenvolvimento. Situações de alta tensão, pressão para desempenho e medo de erros podem exacerbar a ansiedade, elevando o filtro afetivo.

A aplicação prática da Hipótese do Filtro Afetivo reside em criar um ambiente de aprendizagem onde essas barreiras emocionais possam ser minimizadas. Isso significa cultivar um espaço acolhedor, que encoraje a tentativa e reduza o medo de errar. Professores e educadores devem concentrar esforços em construir a confiança dos alunos, estimulando interações autênticas e oferecendo feedback construtivo que motive e oriente o aprendizado.

Além disso, técnicas como jogos, trabalho em grupo e atividades que correspondam aos interesses pessoais dos alunos podem ser integradas nos currículos para aumentar a motivação. Promoção de um espaço de aulas onde o erro é visto como parte do processo de aprendizado, em vez de um motivo de embaraço, também contribui significativamente para baixar o filtro afetivo.

Krashen ressaltou que reconhecer o papel das emoções e psicologia no aprendizado de línguas nos aproxima de entender o intricado processo da aquisição de idiomas. Aplicando esses princípios, podemos otimizar a forma como os idiomas são ensinados, garantindo que os aprendizes não apenas adquiram habilidades linguísticas, mas também desfrutem do processo de aprendizado em si.

Deixe um comentário