Dicas práticas

Curva do Esquecimento: Como Não Esquecer o Inglês Que Você Estuda

© Rubens Queiroz de Almeida

A curva do esquecimento é um conceito essencial para entender como o cérebro humano armazena e perde informações ao longo do tempo. Descoberta pelo psicólogo alemão Hermann Ebbinghaus em 1885, a curva do esquecimento descreve como a memória se deteriora rapidamente nas primeiras horas e dias após o aprendizado, a menos que haja revisões ou reforço.

Ebbinghaus conduziu experimentos com listas de sílabas sem sentido para testar sua própria capacidade de memorizar e reter informações. Ele percebeu que, logo após o estudo, esquecemos a maior parte do conteúdo aprendido. De acordo com seus estudos, cerca de 50% das informações são esquecidas nas primeiras 24 horas, e essa perda continua de forma acelerada nos dias seguintes, embora em um ritmo mais lento.

No contexto do aprendizado de idiomas, como o inglês, a curva do esquecimento é um obstáculo comum. Quando você aprende novas palavras, regras gramaticais ou expressões idiomáticas, essas informações são primeiro armazenadas na memória de curto prazo. No entanto, se não houver revisões ou prática, essas informações começam a se perder rapidamente. Isso explica por que muitas pessoas têm dificuldade em lembrar o que estudaram, mesmo poucos dias após a sessão de estudo.

Por exemplo, imagine que você aprendeu 20 novas palavras em inglês hoje. Se você não revisar essas palavras nas próximas 24 horas, é provável que se lembre de apenas metade delas no dia seguinte. Após uma semana, sem revisão, você pode lembrar de apenas 10% ou menos. Isso pode ser extremamente frustrante para quem está tentando dominar um novo idioma.

No entanto, Ebbinghaus também descobriu que a repetição espaçada pode desacelerar significativamente a taxa de esquecimento. Ao revisar o conteúdo em intervalos regulares, você “reinicia” a curva do esquecimento em um ponto mais elevado, o que significa que, a cada revisão, você retém a informação por mais tempo. Isso é especialmente útil no aprendizado de inglês, onde a quantidade de vocabulário e regras gramaticais pode ser esmagadora.

Como podemos colocar este conceito em prática para agilizar nossos estudos da língua inglesa? Existem várias formas, algumas das quais relacionadas a seguir:

  • Repetição Espaçada: Ferramentas como aplicativos de flashcards (por exemplo, Anki ou Quizlet) utilizam a repetição espaçada para te ajudar a revisar palavras e frases em intervalos regulares, com base no momento em que você está prestes a esquecê-las. Isso é especialmente útil para memorizar vocabulário, uma das partes mais desafiadoras do aprendizado de idiomas.
  • Revisão Ativa: Em vez de apenas reler suas anotações ou o material que estudou, tente lembrar ativamente as informações. Isso pode ser feito fazendo perguntas a si mesmo ou tentando escrever frases em inglês sem consultar fontes. A recuperação ativa fortalece as conexões neurais e combate o esquecimento.
  • Interleaving: Estude diferentes tópicos de inglês em uma mesma sessão. Por exemplo, misture vocabulário, gramática e leitura. Isso ajuda a criar conexões mais profundas entre diferentes áreas do conhecimento e melhora a retenção.
  • Prática Constante: Para combater a curva do esquecimento, é essencial manter uma prática constante. Isso significa que, além de revisar, você deve usar o inglês em situações reais — seja escrevendo, falando ou ouvindo. Quanto mais você utilizar o idioma, mais fortes serão as conexões neurais associadas ao aprendizado.
  • Sono Adequado e Revisões Noturnas: O sono é crucial para a consolidação da memória. Revisar o conteúdo estudado antes de dormir pode ajudar a reforçar o aprendizado, pois o cérebro processa as informações durante o sono.

Imagine que você está aprendendo inglês e, em um dia, estuda 30 novas palavras. Se você não revisar essas palavras, a curva do esquecimento entrará em ação, e em poucos dias você terá esquecido a maioria delas. No entanto, se usar a repetição espaçada, revisando as palavras no dia seguinte, depois em três dias, e depois em uma semana, a retenção será muito maior. Cada revisão “reinicia” a curva, permitindo que você retenha as palavras por mais tempo e, eventualmente, as memorize permanentemente.

Além disso, o uso de frases completas em vez de palavras isoladas pode ajudar na retenção, pois o cérebro tende a lembrar melhor o contexto. Por exemplo, em vez de apenas memorizar a palavra “apple” (maçã), você pode memorizar a frase “I eat an apple every morning” (Eu como uma maçã todas as manhãs). Isso cria uma associação mais rica e facilita a recuperação da informação.

A curva do esquecimento de Ebbinghaus nos ensina que, para aprender e reter informações de forma eficaz, especialmente no aprendizado de idiomas como o inglês, não basta apenas estudar uma vez e esperar lembrar de tudo. É necessário revisar o conteúdo regularmente, utilizar técnicas de recuperação ativa e manter uma prática constante. Ao compreender e aplicar esses princípios, você pode superar a curva do esquecimento e se tornar mais eficiente no aprendizado de inglês – ou de qualquer outro idioma.

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