© Rubens Queiroz de Almeida
Muitos anos atrás ouvi uma palestra que muito me marcou. Não me lembro mais do nome do palestrante, mas esta história que vou contar agora eu nunca esqueci.
O palestrante, em viagem à China, chegou a um lugar em que um senhor muito idoso estava tecendo um enorme mural. O mural era trabalhado muito lentamente, com muita calma e reflexão. Não raro o tecelão desfazia o trabalho que havia feito e começava de novo. Nesta velocidade, considerando o tamanho e a complexidade do painel, provavelmente o idoso tecelão não conseguiria completar o painel no tempo que lhe restava de vida. Não contendo a curiosidade, com a ajuda de um intérprete, perguntou: “O senhor está trabalhando neste painel muito devagar, como conseguirá completar este trabalho no tempo que lhe resta?”. Ao que o tecelão respondeu: “Bom, primeiramente, quem começou a tecer este painel não fui eu, foi meu avô. O meu objetivo é trabalhar de uma forma tal que ninguém consiga identificar o local onde comecei”.
Nas minhas aulas de inglês eu sempre conto esta história. Muita gente, com razão, tem pressa para aprender inglês. O problema é que não existe receita mágica ou como nos filmes da trilogia Matrix, em que você faz o download de um determinado conhecimento e quando abre os olhos já sabe tudo. Não é assim que funciona. A pressa gera ansiedade, que passa para o desespero e finalmente pela desesperança. E neste estado de espírito ninguém aprende nada. Também não quero dizer que o aprendizado da língua inglesa demora gerações, longe disto. O paradoxal é que até podemos aprender inglês em um curto espaço de tempo se conseguirmos nos livrar da pressa e do desespero. Ao tornar o aprendizado mais agradável podemos aprender de verdade. Não precisamos fazer força para aprender, muito pelo contrário, basta buscar aquelas condições que nos fazem funcionar da melhor forma. Para aprender um idioma estrangeiro precisamos ter calma e procurar maneiras de aprender que sejam adequadas a cada um de nós e de preferência divertidas.
Precisamos esquecer que estamos estudando, a meta principal é se divertir e o aprendizado é uma consequência. Um idioma é uma representação simbólica de ideias e pensamentos e, como tal, devemos buscar os assuntos que mais nos interessam e divertem e dedicar alguns minutos todos os dias ao estudo. Chamamos isto de estado de fluxo.
A psicologia positiva define o estado fluxo (flow state) como o estado mental no qual a pessoa está plenamente focada e absorvida em uma atividade, com a perda da sensação de espaço e tempo. Quando conversamos com uma pessoa nesta condição ela não nos ouve, pois se fecha ao mundo exterior e se concentra totalmente na atividade que está desempenhando.
As escolas tradicionais de idiomas não apresentam aos seus alunos as diversas formas de se aprender inglês. Se o aluno é um adolescente, entre os 12 e 18 anos, o ensino tradicional que ensina principalmente conversação e rudimentos de escrita e leitura, atende muito bem. Pessoas nesta faixa de idade geralmente têm tempo. Já um profissional mais maduro, que necessita apenas de ler textos em inglês, pode conquistar esta habilidade em pouco tempo, algo entre 4 e 6 meses de estudo das estruturas e palavras mais comuns da língua inglesa.
Uma vez conquistado vocabulário básico consistindo das 250 palavras mais comuns da língua inglesa, podemos então começar a ler e compreender textos em inglês. Importante, leia apenas aquilo que lhe trouxer prazer. Se não gostar de um assunto, passe para outro.
O mais surpreendente é que ao conseguir esquecer da pressão, você poderá até mesmo aprender mais rápido. Quando entramos em fluxo, ou seja, quando fazemos algo de que gostamos muito, o tempo passa muito rapidamente e todo o nosso ser se envolve na atividade, com resultados muito além do esperado. Além do mais, neste estado ativamos partes do cérebro que ajudam no aprendizado e memorização.
No aprendizado sem prazer geramos bloqueios e em fluxo (flow) temos toda nossa biologia a nosso favor. E bloqueios é tudo o que não queremos, certo?
Esta é apenas uma introdução geral de um dos assuntos que tratamos e enviamos em primeira mão em nossas newsletters do Clube Aprendendo Inglês (a comunidade de apoiadores deste projeto Aprendendo Inglês). Ao fazer parte, além de nos apoiar na criação de conteúdos gratuitos, você recebe este e muitos outros conteúdos como vídeos e artigos detalhando técnicas e estratégias para aprender com prazer e alegria, antes de publicarmos em nosso site!
(*) O título deste artigo Se tiver pressa, ande devagar, é também o título de um livro de autoria do Professor Lothar J. Seiwert.