© Rubens Queiroz de Almeida
Você precisa aprender inglês. Você não é mais adolescente e no seu emprego você precisa ler manuais, e-mails e obter informação na Internet. Mas o problema é que o seu conhecimento de inglês é muito básico. O que fazer? É claro, matricular-se em um curso de inglês.
Então lá vai você, todo animado. Na primeira aula, a professora ensina como cumprimentar os outros: “Hello, my name is João, what’s your name?. Você aprende a se apresentar, dizer o seu nome, perguntar o nome dos outros, e outras coisas parecidas. Depois de um mês, você já sabe chegar em um hotel, perguntar pela sua reserva, sabe entrar em um restaurante, perguntar pelo menu, perguntar onde é o banheiro, e por aí vai.
Mas então você volta para o seu trabalho. Nos textos que você precisa ler e entender, em nenhum lugar você vai encontrar a palavra “Hello”, ou “What’s your name?”, ou qualquer outra das frases que você se dedicou tanto a aprender.
Intuitivamente, você sente que alguma coisa está errada. E você começa a sentir um leve pânico. O seu emprego depende da sua compreensão da língua inglesa. Você tem conseguido enganar um pouco, olhando no dicionário ou perguntando aos colegas de trabalho. Mas você sente que não está chegando a lugar nenhum. As pessoas que te ajudam começam a manifestar uma leve impaciência. O que fazer?
Como pessoa perseverante e dedicada que é, você continua em seu esforço, frequentando o curso e fazendo o máximo para aprender as lições. Mas parece que são duas coisas totalmente diferentes, o inglês que você aprende no curso e o inglês que você encontra no trabalho, nos manuais técnicos. Certamente, algo está muito errado, mas o quê exatamente?
Depois de um ano de esforço, o seu progresso é mínimo. Em seu trabalho, você continua com dificuldade para desempenhar as tarefas que requerem a compreensão da língua inglesa, e o seu chefe também não está muito feliz. Então, desanimado, você desiste do curso de inglês. Neste momento, são possíveis duas reações: 1) você passa a detestar o idioma, e por tabela, todos os países e pessoas que falam inglês; 2) você se julga incompetente, incapaz de aprender a língua inglesa.
As duas reações são danosas, mas a primeira é a menos pior para o seu bem-estar. A causa da sua infelicidade é externa a você, o que é menos danoso. A segunda atitude é a pior delas, pois induz a um sentimento de inferioridade. O problema com este tipo de sentimento é que ele se espalha para todos os aspectos de nossas vidas. Neste caso, julgamo-nos incompetentes para aprender inglês e logo começamos a ter um sentimento de inadequação em outras esferas de nossa vivência, como nos relacionamentos, aprendizado em geral, e até mesmo na forma como encaramos a vida.
O pior de tudo é que não temos como escapar de adquirir alguma competência no domínio da língua inglesa. A disseminação da Internet, cujo idioma predominante é o inglês, não nos deixa alternativa, temos que aprender inglês. Daí um outro fenômeno, das pessoas que passam a vida frequentando cursos de inglês, gastando muito tempo e dinheiro, sem nunca obter progressos significativos.
Mas realmente não precisa ser assim. O que quase ninguém sabe é que existem diversas formas de aprender inglês e essas formas dependerão de nosso propósito final.
Um curso de inglês tradicional adota o princípio funcional. Você aprende o necessário para se virar em um país estrangeiro, cumprimentando as pessoas, pedindo informações, e outras coisas parecidas. Não é o que você vai precisar em seu trabalho. O tipo de inglês que você vai precisar em seu trabalho consiste primordialmente em obter informações e o vocabulário utilizado é diferente e menos complexo do que aquele usado em interações humanas.
O domínio completo da língua inglesa consiste no aprendizado de quatro habilidades: ler, escrever, falar e ouvir. O que não sabemos, e ninguém nos diz, é que estas habilidades podem ser aprendidas separadamente. Podemos apenas ler, sem falar, escrever ou ouvir. O caso descrito neste texto se encaixa na primeira categoria, a pessoa precisava apenas ler textos. A leitura é uma habilidade que se adquire muito mais facilmente do que as demais, principalmente para a compreensão de textos técnicos. Se conhecermos as 250 palavras mais comuns da língua inglesa somos capazes de decifrar aproximadamente 70% de um texto técnico. Felizmente para nós, que falamos uma língua de origem latina, a quantidade de cognatos, ou seja, de palavras que se parecem em português e inglês, como possible e possível, correspondem a algo entre 10 e 20% do texto. Podemos então compreender entre 80 a 90% de um texto técnico bastando para isto aprender as 250 palavras mais comuns da língua inglesa. Isto é algo que podemos aprender em um período que vai de três a seis meses, dependendo de nossa dedicação.
Mas ninguém se sente feliz dominando apenas a leitura, queremos dominar o idioma totalmente, lendo, falando, escrevendo e ouvindo. Excelente, não há problema algum. A leitura é uma habilidade base, quanto mais você ler em inglês, mais fácil será desenvolver as demais habilidades. E o melhor de tudo, o seu problema mais imediato, a compreensão da língua inglesa para compreensão de textos, estará devidamente resolvido.
Em qualquer tipo de aprendizado o mais importante é entender que somos diferentes, vemos o mundo e aprendemos de formas diferentes. A maioria dos cursos de inglês tradicionais seguem uma receita padronizada, que é aplicada a todos indistintamente. Esta abordagem é uma receita para o desastre, basta fazer uma comparação entre o número de pessoas que começam e o número de pessoas que terminam o curso. Um verdadeiro massacre.
Aprender um idioma não se resume apenas a aprender estruturas gramaticais e palavras. Este aprendizado envolve também um maior conhecimento de nós mesmos e da forma como aprendemos. Porém o mais importante é acreditarmos que somos capazes. É possível aprender inglês com prazer, sem tensão e é isto que nos empenhamos em mostrar nos artigos deste site.